quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Emiliano Perneta
(1866-1921)

           A POESIA DE EMILIANO PERNETA
                                                     por Domingos van Erven
                                        
                            
- À memória de meu pai, escritor Herbert Munhoz van Erven (1908-1985), que se lembrou de “Palavras a um recém-nascido” quando Rodrigo nasceu, em 1976.

- À memória de minha querida mãe, Hilda de Souza  van  Erven (1931-2006). 
                                                                                                                                                   D.v.E.


As postagens neste blog seguem o sumário abaixo.
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          SUMÁRIO
1.    Considerações preliminares 
2.    A obra objeto do estudo 
2.1- “Ilusão”: estrutura e características gerais
2.2- A obra posterior 
3.  A poesia de EP 
            3.1- Tudo é um sonho vago

a)     Ilusão: arte & vida
b)     A vida é um sonho
c)      A ânsia de elevação espiritual. A Glória é o Paraíso
d)     A opção simbolista. A Felicidade, a Beleza e a Ilusão
e)     A viagem pelo mar
f)       A alma liberta

3.2- A Natureza: “florestas de símbolos”

a)     Unidade ser humano-natureza
b)     A paisagem é um estado d’alma
b.1) A paisagem que expressa alegria
b.2) A paisagem que expressa dor
c)      A paisagem local

3.3- O poeta/artista está condenado no mundo dos bárbaros

3.3.1- O bom combate do cavaleiro
3.3.2- Caracterização adicional do artista

           a) O poeta é um rei
                       b) O poeta é D.Juan
           c) O poeta é Erisicton
           d) O poeta é um eremita
                       e) O poeta é uma criança
f) O poeta como ele mesmo: o sonhador infeliz

3.3.3-O mundo é dos bárbaros   

3.4 - O tédio e os meios de evasão

            3.4.1- O sonho
            3.4.2- O vinho
            3.4.3- A viagem
            3.4.4- A mulher
           
3.5- Crença em Deus & humanismo cristão

4.  Síntese das características da poesia de EP e sua interpretação 

5. À guisa de conclusão: Emiliano Perneta é um bom poeta? 

6. Anexos

6.1- Nota sobre o primeiro livro-- “Músicas”

            6.2- EP: nota biobibliográfica

7. Bibliografia consultada

8. Relação dos poemas de EP  (com ano de publicação) 



Os jovens Emiliano Perneta (à esq.), Leôncio Correia e
 Nestor Vítor


Emiliano com outros intelectuais paranaenses
Sentados: José Moraes, Nestor Vítor, Emiliano Perneta e Leôncio Correia.
   Em pé: Jaime Balão, Luiz Mariano, SebastiãoParaná e Rocha Pombo
(foto de 1888- fonte: "Em honra do poeta", 1921)


Emiliano Perneta
(fonte: "Em honra do poeta", 1921)


Autógrafo de Emiliano

















































1.CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES



            Este estudo tem por objetivo analisar a obra poética madura de Emiliano Perneta (1866-1921) -- doravante, EP --, o poeta paranaense que, após formar-se em Direito em São Paulo, viveu no Rio de Janeiro (1890-1892) e ali participou do primeiro grupo de autores simbolistas do País, sendo por isso considerado um dos iniciadores desse movimento na literatura brasileira. Em 1896, o poeta retornaria a seu Estado natal, para daqui não mais sair, a não ser por curtos períodos. 
                                                          
Por que estudar a sua poesia? Qual o sentido de alguém debruçar-se hoje sobre o seu livro mais importante – “Ilusão”, publicado em Curitiba no longínquo ano de 1911 -- e as publicações posteriores, “Pena de Talião” e “Setembro”?

            Em primeiro lugar, porque se trata do poeta paranaense que mais se destacou na história da nossa literatura. Aliás, Nestor Vítor escreveu isso, por ocasião da morte de EP: “o falecimento do maior poeta que até aqui nasceu e viveu no Paraná.1 Ele é produto do nosso meio social, e reflete, à sua maneira, e em seu tempo, o modo de pensar e sentir desta terra.   

            Outra razão é a pequena quantidade de estudos disponíveis, em livro, tratando sistematicamente do assunto, o que fez Alfredo Bosi (na “História Concisa da Literatura Brasileira”) recomendar que a poesia de EP fosse mais estudada.

            Já em 1965, às vésperas do centenário de nascimento de EP, quando frequentei, ainda aluno do Colégio Estadual do Paraná (antigo Ginásio Paranaense, onde EP foi professor, na primeira década do século) 2, um curso sobre análise literária prelecionado pelo poeta Tasso da Silveira, este mesmo já nos havia feito tal recomendação. 

            Tasso, filho do poeta simbolista Silveira Neto, contemporâneo de EP, era também seu afilhado, e por aí se vê como as gerações que se sucedem vão transmitindo a “mística de Emiliano”... tão criticada por Dalton Trevisan!

            Ironias à parte, o que me interessa no caso é avaliar a qualidade dessa poesia, uma vez que sobre ela não existe consenso. Como se verá no capítulo 5, as opiniões divergem muito sobre o seu valor. Apenas para citar o exemplo mais extremo, enquanto Dalton Trevisan o considera um “poeta medíocre” (ou nega-lhe mesmo a condição de poeta), Wilson Martins afirma ser Emiliano poeta de “alta qualidade”, autor de um dos mais belos poemas de nossa literatura, e de alguns versos lapidares. E outro crítico de prestígio nacional, este não radicado no Paraná -- José Guilherme Merquior -- afirma que EP, juntamente com B.Lopes, compõe a dupla de representantes “de real interesse” do decadentismo brasileiro.  Além disso, para ele, “Perneta é antes de tudo um bom lírico erótico”.  Estranhamente, a nossa produção universitária manteve-se alheia ao debate dessa questão, apesar dela ser tão pertinente à área de Letras...

            Mas como se avalia a qualidade de uma poesia? Naturalmente, pelo contato direto com os poemas. Os versos em si mesmos valem mais do que mil opiniões. Porém para alcançar esse objetivo é preciso que eles sejam bem apreendidos quanto ao seu significado (nos sentidos denotativo e conotativo), quanto à sua imagística, ao modo como se expressam foneticamente etc.

            A reunião desses subsídios constitui o conteúdo básico deste livro. Ao longo do “passeio” pelos versos e poemas de EP -- ao longo das cinco rotas percorridas, adiante indicadas – vou colhendo elementos úteis para uma avaliação pessoal dessa poesia. Eles servem também para avaliar a maior ou menor justeza das opiniões emitidas sobre ela, por parte de notáveis escritores brasileiros, sumarizadas no capítulo final deste trabalho.    
                                              
            O meu objetivo é, portanto, analisar a obra poética madura de EP -- representada por “Ilusão” (a coletânea de poemas mais festejada da literatura paranaense), o poema dramático “Pena de Talião” e a obra póstuma “Setembro” -- a fim de colher subsídios para a avaliação da qualidade de sua poesia. EP, em 1911, quando do lançamento de “Ilusão”, foi coroado “príncipe dos poetas paranaenses” em cerimônia realizada no Passeio Público de Curitiba, nos moldes das que ocorriam na Grécia antiga, fonte permanente de inspiração para as iniciativas idealistas de Dario Veloso, fundador do Instituto Neopitagórico, em Curitiba. 

                                                                        * 

A minha atenção voltou-se para aquelas características que têm sido apresentadas pela poesia de alta qualidade ao longo do tempo. Trata-se de uma  poesia que expressa a verdade da condição humana, donde decorre a sua capacidade de emocionar. Mas expressa tal conteúdo de modo cativante, prazeroso (prazer estético), por meio de uma linguagem única, característica do poeta, linguagem essa povoada de imagens e sons peculiares. As imagens revelam originalidade, diversidade e cativam o leitor. Os sons são usados esteticamente: o modo do poeta trabalhar com fonemas, rimas, assonâncias, aliterações etc  resulta em  maior expressividade, eufonia e musicalidade do verso.

O meu interesse maior foi, portanto, o aspecto estritamente literário da obra em questão, embora ela possa também ser considerada sob outros pontos-de-vista (psicológico, sociológico ou filosófico). Esta é, portanto, uma das muitas viagens possíveis no reino da Ilusão. A ênfase do estudo recai sobre o exame da linguagem utilizada pelo poeta, chamando a atenção do leitor para aspectos que, de outra forma, poderiam passar despercebidos. Essa linguagem busca, naturalmente, expressar certas idéias, que procurei identificar e sistematizar. A informação biográfica conhecida, ou de outra natureza, foi também incorporada ao estudo, sempre que se julgou conveniente, para ilustrar alguma observação  particular.

                                                          *

Para alcançar o objetivo antes mencionado, adotei os seguintes procedimentos metodológicos:

1.-após uma leitura atenta dos poemas, identifiquei um conjunto de idéias-mestras, que, na minha interpretação, definem o conteúdo essencial da obra em estudo. Por isso, elas servem também para a estruturação do cerne deste  trabalho (capítulo 3);

2.-a seguir, arrolei os versos mais representativos de tais idéias-mestras; este procedimento permite avaliar, em conjunto, as recorrências da mesma idéia-mestra, em diferentes poemas, enriquecendo a sua compreensão pelo exame das peculiaridades dos diversos excertos citados; 

3.-uma vez definido o arcabouço geral deste trabalho, agreguei, aos versos já citados, informação sucinta sobre os poemas de onde eles provieram, seus temas e assuntos, seus personagens, situados num determinado espaço e tempo, para proporcionar ao leitor uma ampla visão do conteúdo da obra poética estudada;

4.-considerei as características formais dos poemas antes citados por causa de seu conteúdo, de modo a explicitar a funcionalidade da forma relativamente a esse mesmo conteúdo. As observações a esse respeito referem-se ao papel desempenhado pelas imagens empregadas (comparações, metáforas, símbolos etc) bem como ao ritmo dos versos, destacando-se aqui suas  características métricas, fonéticas e outras.
           As citações de versos, que originalmente visavam apenas ilustrar aspectos relacionados às idéias-mestras, foram assim ampliadas para incorporar as  características formais que julguei interessante salientar.

            Uma preocupação central foi sempre identificar recorrências no exame dos poemas, pois é nas recorrências -- ou nos padrões conteudísticos e formais -- que fica explicitado o que é realmente característico da obra, o que distingue um autor do outro.

Uma vez concluídas as etapas acima mencionadas, acredito ter obtido os elementos essenciais para possibilitar o julgamento sobre a qualidade da poesia de EP, que consta no capítulo 5.



Notas ao capítulo 1


1 VÍTOR, Nestor – “Obra Crítica”- v. III, Rio de Janeiro, Fundação Casa de Rui Barbosa/ Curitiba, Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte, 1979, p. 52

2 Andrade MURICY afirmou, em “Emiliano Perneta”, Rio de Janeiro, 1919, p. 50, ter sido seu aluno de Português e Literatura em 1909 no Ginásio Paranaense. Segundo ainda Muricy,   EP foi professor do Ginásio e Escola Normal até 1911, quando optou pela Auditoria de Guerra, “que exerceu até falecer” (cf. “Emiliano Perneta”. Col. Nossos Clássicos nº 43, 2a. ed., Rio de Janeiro, Agir, 1966, p.4). Cf. também depoimento de Raul GOMES: “Emiliano, como professor” in “Revista da Academia Paranaense de Letras”, ano III, nº 9, jan-fev 1941, pp.36-38 

2. A OBRA OBJETO DO ESTUDO

2.1- “Ilusão”: estrutura e características gerais


“Ilusão”, publicado em 1911, consiste numa coletânea de poemas compostos em diferentes épocas. A data mais antiga registrada abaixo de um poema é 1897.

Segundo Nestor Vítor, como livro simbolista “Ilusão” “já vem um pouco fora do seu tempo1, isto é, foi publicado quando aquele movimento literário já atingira o seu apogeu com a obra de Cruz e Souza (1861-1898) e terminara em 1909, se adotarmos a referência temporal de Tasso da Silveira 2 (Massaud Moisés restringe o nosso Simbolismo ao período 1893-1902, este último o ano de publicação de “Canaã” de Graça Aranha e marco inicial do Pré-Modernismo).3 

Mas Andrade Muricy, em seu estudo de 1919, relativiza o caráter simbolista de “Ilusão”, pois nesse livro, que contém mais de uma centena de poemas, apenas “Umas vinte poesias” são “cabalmente simbolistas”, citando, dentre estas, “Lyrio!”, “Ideal”, “D.Morte”, “Não é só te querer...” e  “Justiça”. Para esse autor, “Azar” e “Cavaleiro” já vão “além das fronteiras da ‘escola’”, sendo este último poema considerado por ele a “melhor realização simbolista” de EP. Muricy também considera “Ilusão” “um livro defeituoso em sua organização”, atribuindo a sua heterogeneidade à evolução espiritual do poeta (daí a importância de se atentar para as datas dos poemas). Afirma ainda que  “A feição simbolista” de EP foi “transitória4

Em estudo posterior sobre EP, que consta na obra coletiva “A Literatura no Brasil”, direção de Afrânio Coutinho, v. IV, Andrade Muricy cita os poemas que considera tipicamente decadentistas (ou seja, simbolistas) de “Ilusão”, além de “Dama”: “Azar”, “Desde que comecei...”, “Ideal”, “D.Morte”, “Estátua”, “De um fauno”, dentre outros (p.130) (mais adiante, na p.137, refere-se a “Vencidos”, e sua “terminologia nitidamente ‘decadente’”). E afirma ainda:

Em “A Rebours”, Huysmans fixou /.../ a fisionomia estética compósita do Decadentismo, regurgitante de esoterismos decorativos, de velhos prestígios legendários, do hieratismo ritual de Bizâncio, perpassada por lufadas ardentes das vozes bíblicas, acusando traços da  crueldade e da angelitude medievais 5

O Decadentismo na França, conforme Massaud Moisés, foi o movimento precursor do Simbolismo. Em nosso caso, segundo ele, é impossível “apontar com rigor os limites entre o Decadentismo e o Simbolismo6  
                                                          
                                                        *

Em “Ilusão”, EP reuniu em um único volume diversos poemas seus, publicados anteriormente na imprensa, como era costume ocorrer então.
O poeta estruturou o livro, que contém 106 poemas, em seis seções,  antecedidas por “Prólogo” (1 soneto), no qual consta, em síntese, a sua visão de mundo, e opção estética :

             I) “Plumas”-
            (18 sonetos) 
As “plumas” -- um apêndice do elmo -- representam a identificação do artista, ou poeta, com o cavaleiro andante medieval, em permanente combate pelas causas nobres. Predominam aqui poemas sobre a luta pela Beleza, ou pelo Ideal, travada pelo poeta-cavaleiro, incluindo também poemas que buscam caracterizá-lo com outras imagens (a do rei, do eremita e dos “menestréis da rua”).

            II) “Poesias Diversas”-
          (15 poemas, assim distribuídos: 9 sonetos, 3 poemas em quadras, 2 em sextilhas e 1 em dísticos)

Esta seção, como se vê, não é composta só de sonetos, como a anterior, embora constem aí majoritariamente. Os temas são heterogêneos, mas há certa predominância de poemas que tratam do amor, da morte e da elevação espiritual.

             III) “Solidão”-
            (15 poemas, dos quais 7 são sonetos, 4 formados por quadras, 2 por dísticos, 1 ode e 1 poema com 18 versos irregulares. Ode é definida assim no dicionário Aurélio: “Composição poética de caráter lírico, composta de estrofes simétricas”)

A seção possui um tema unificador. O poeta está só, infeliz, desejando ser outra pessoa. Nesta seção ocorre a inclusão de poemas, como “Flora” (sobre a primavera), “Em seu louvor” (louvor à Virgem Maria) e “Nox” (sobre a noite), que não tratam diretamente do tema da solidão, mas o fato de terem sido incluídos aqui é revelador das associações pretendidas pelo poeta.  

IV) “Sátiros e dríades”-
         (15 poemas, dos quais 12 são sonetos, 1 com versos rimados dois a dois, 1 formado por quadras e 1 com estrofes irregulares quanto ao número de versos, que são rimados dois a dois, exceto no final)

Os “sátiros”, na mitologia clássica, eram semideuses lúbricos, parte humanos, parte animais (pois tinham chifres, pernas e pés de bode), que habitavam os bosques. As “dríades”, ou ninfas, também os habitavam.  EP quis denominar assim a seção que contém poemas sobre a relação amorosa, não só envolvendo personagens da mitologia greco-latina, mas também bíblicos (“Versículos a Sulamita”) e D.Juan, personagem lendário espanhol, inspirador de obras dramáticas e literárias, além de óperas. Sobre o tema de D.Juan, a seção inclui uma série de oito sonetos.

             V) “Um Violão que Chora...” –
          (8 poemas, sendo 2 sonetos, 2 poemas em quadras, 2 em oitavas, 1 em quintilhas e 1 em décimas)

O nome da seção já é uma metáfora, relacionada ao lamento dos poemas aqui contidos sobre as penas do amor, e a frustração existencial.  Os poemas  não  contêm títulos. Estão numerados de I a VIII. Os poemas II e V foram consideradas por Andrade Muricy “modinhas do tipo oitocentista7, enquanto Nestor Vitor considerou o poema II “delicadas endechas com vago sabor seiscentista8. De qualquer forma, os poemas VII e VIII apresentam uma linguagem que destoa dos anteriores, e também diferem quanto à forma (são sonetos).

VI) “Poemas”-
          (34 poemas, assim distribuídos: 13 em quadras, 6 em dísticos, 5 sonetos, 5 em versos rimados dois a dois, 3 sem estrofes regulares, 1 poema com estrofes irregulares e versos rimados dois a dois, exceto no final, 1 poema em quadras, exceto no final, com versos irregulares quanto ao número de sílabas)

            É a seção que contém o maior número de composições, de temática  diversificada. Abrange poemas sobre a morte ideal, a passagem do tempo, o azar, o amor, a ânsia de viajar, o ser humano em face do ideal, a beleza, a arte, a felicidade, a juventude, o canto do passarinho, o espírito livre do corpo. Inclui poemas cristãos justapostos a uma crítica à Igreja Católica e aos jesuítas-- “Punição do herege” (EP pretende mostrar, com essa justaposição, que sua aproximação a Deus não significa aproximação à Igreja Católica). Consta também aí um poema satanista-- “Canção do diabo”. EP incluiu nesta seção, e não em outra, certos poemas, seguramente para manter a sua ambiguidade. Por exemplo, “Entre essa irradiação”: é sobre a amada ou a Beleza?.

            Vê-se, pelos títulos da segunda e sexta seções, que EP não usou um critério muito rigoroso na estruturação do livro.

Em resumo, os 106 poemas de “Ilusão” apresentam o seguinte perfil quanto à forma adotada:

54 sonetos
23 poemas em quadras
 1 poema em quadras, exceto no final
 9 em dísticos ou parelhas (estrofes compostas de dois versos)
 6 poemas com versos rimados dois a dois
 2 poemas com versos rimados dois a dois, exceto no final
 4 poemas sem estrofes regulares
 1 em quintilhas
 2 em sextilhas
 2 em oitavas
 1 poema em décimas
 1 ode

(Obs.: considerei “Oh! que ânsia de subir hoje mesmo a montanha!” composto por 3 poemas. O mesmo critério foi usado com relação a “Adultério de Juno”). 

                                                                     *

Heitor Martins 9, em seu interessante ensaio sobre “Ilusão”, considera esse livro uma “obra historicamente importante” (p.69). Segundo ele,

Dentro do cômputo geral do grande surto do realismo burguês no Brasil (1870-1920), pela sua localização cronológica, a obra maior de Emiliano Perneta, ‘Ilusão’ representa o     momento de cristalização do ecletismo das várias tendências que se entrechocavam e o nivelamento, num mesmo plano, das várias linhas de destaque que haviam convivido no mundo literário brasileiro. Daí sua importância histórica (p. 75).

A importância do livro, assim, está em sintetizar tendências opostas do “período em que a ideologia da Idéia Nova estava no seu apogeu até os últimos estertores da literatura da ‘belle époque’.” (p.69).

De um lado, Heitor Martins constata em “Ilusão” a adoção de características da Idéia Nova (que para ele significa “aceitação dos valores culturais da burguesia dominante”) e de outro, constata reação a tais características, própria dos “raros”, ou antiburgueses, representados pelos boêmios.

Estas são, para esse autor, as características contraditórias da poesia de “Ilusão” (com os poemas que cita a título de ilustração), de acordo, ou não, com os princípios estéticos da Idéia Nova:

1)     quanto à impassibilidade:

adoção:
            -“descritivismo nacionalista” (“Durante uma enfermidade”, “Iguaçu”) e greco-românico” (“De um fauno”, “Flora”, “Adultério de Juno”)
-“erotismo visual da plena nudez dionisíaca” (“No tronco de uma árvore”, “De um fauno”, “Adultério de Juno”; pelas referências às estátuas: “Posto que já...”, “Súplica de um fauno”; erotismo bíblico:Salomão”, “Versículos de Sulamita”)     
reação:
-temas da fuga (“Embarque para Citera”, “Versos para embarcar”) e da Idade Média (“Orgulho”, “Azar”). Esse medievalismo é considerado como alienação no tempo (pelo anacronismo) e no espaço (pois não existiu em nosso passado) 
-intelectualização dos sentidos humanos, erotismo mental (“Adultério de Juno”, “Ainda outro do mesmo autor”, “E finalmente o último”)

2)     quanto à precisão detalhista:

adoção:
-cromos (“Convalescente”, “Ovídio”, “A fome de Erisicton”, “Baucis e Filemon”, “Heliogábalo”)
- casticismo linguístico;
reação:
-experimentalismo (cf. várias citações na p.103), sinestesia (“À toi!”), impressionismo (“Lyrio!”, “Amor cinzento”) e expressionismo (“Sol d’inverno”)

3)     cientificismo

adoção:
-horror à igreja organizada (“Punição do herege”)
-sugestão evolucionista (“Quadras”)
reação:
-espírito religioso (“Canção do diabo”, alusões bíblicas), marcado pelo esoterismo (“O enigma”) e pelo tradicionalismo (“Solidão” I e II, devoção mariana: “Em seu louvor”).

Essas características contraditórias estão presentes, de fato, na poesia de EP, o que revela o seu ecletismo estético. Heitor Martins atribui, porém, peso excessivo ao cientificismo, pois a atitude de EP lhe é francamente hostil, é a atitude de alguém que desconfia da ciência e da razão. 

Por outro lado, sua interpretação de que as características literárias vinculadas à “reação” sejam diretamente decorrentes da cosmovisão da pequena burguesia, ameaçada pelo progresso, me parece muito linear e pouco dialética. Essa interpretação, que busca associar as atitudes dos indivíduos aos condicionamentos, e perspectivas, de sua classe, no âmbito da evolução do capitalismo, menospreza, a meu ver, a relativa autonomia do espírito humano face à sua condição de classe.

O fato de terem prevalecido certas características (cf. “adoção”) no período histórico em questão (1870-1920) não significa que representantes da alta burguesia (ou de outras classes sociais), em face do reconhecimento da precariedade da vida, não possam ter tido também uma atitude escapista, não tenham querido fugir para o sonho, seja ele de uma Idade Média mítica ou do mundo transcendental (ou fugir, como atualmente, para o mundo dos “paraísos artificiais”...). Por que somente a pequena burguesia deveria estar associada à busca de tais refúgios? Não se estaria, com tal procedimento, desconhecendo a essência da condição humana, comum a todas as classes sociais?


2.2- A obra posterior


A obra poética mais significativa de EP, posterior a “Ilusão”, é constituída pelo poema dramático “Pena de Talião” e a coletânea póstuma “Setembro”. Esses  poemas foram agregados aos de “Ilusão” para efeito deste trabalho, que assim terá como objeto de estudo toda a obra considerada madura do poeta.

Antes de “Ilusão”, EP publicou “Músicas” em 1888, quando ainda era estudante em São Paulo (cf. nota sobre esse livro nos Anexos). Essa obra de estréia é descartada pelos críticos mais favoráveis a EP, que a consideram de valor apenas “documental” 10. Andrade Muricy afirma ainda que em “Músicas” “a influência das ‘Canções Românticas’, de Alberto de Oliveira, é a mais sensível, num parnasianismo moderado.11 
   
                                                                    *
                                             
“Pena de Talião” é um poema dramático, mais extenso do que aqueles que integram “Ilusão” (“Adultério de Juno” e “Sol”) e “Setembro” (“Vamos!” –“Quando Jesus nasceu”). Foi publicado como livro independente, pelo autor, em 1914.

O poema está composto em versos alexandrinos, rimados dois a dois, e abrange um prólogo, três atos e um epílogo. Seu enredo se baseia na história de Céfalo, da mitologia grega.

O prólogo consiste num diálogo entre o caçador Céfalo e Aurora, a deusa do amanhecer. Céfalo rejeita o amor desta, por amar Prócris, com quem vai se casar.

O ato primeiro tem como cenário o banquete de núpcias, na casa de Ericteu, pai de Prócris. Inicialmente, há um diálogo entre Lísias e Aminto, que são os primeiros a chegar. Comentam a tolice de Céfalo em  rejeitar Aurora. Aminto é poeta, e está lá porque espera ver Glicera, a sua amada. Na cena seguinte, chegam os noivos, damas e cavalheiros, sátiros e ninfas. Todos tomam assento à mesa, e há comentários sobre a grosseria de um dos convidados, Cleanto, que pisou no calo de uma dama e só pensa em comer. Comentam que “parece um porco”, quando mastiga. Ericteu saúda Júpiter, que está presente, e também discursa. Aminto saúda os noivos declamando um poema seu, que é um elogio do amor.          

O ato segundo se passa numa casa de jóias, pelas quais “a ateniense é louca”. Damas e cavalheiros conversam. Filon discute com um jovem a respeito da bela Friné, que ficou nua perante o austero tribunal, que a acusara de “corruptora da mocidade”. Diz que ele a criticou por despeito, pois viu reluzir o grande anel que deu a Friné no dedo da criada. Ao se retirarem, prometem a Mirto, dona da casa de jóias, voltar. Chega Céfalo, e este conversa com Mirto, que  não  acredita na fidelidade das mulheres, pois seu filho foi enganado pela esposa. Na discussão, ela lhe propõe uma aposta. E assim Céfalo se disfarça de mercador de jóias para testar Prócris quando ela visita aquela casa. Esta o reconhece, mas não demonstra isso. O mercador a emociona com as jóias que vão sendo colocadas em seu corpo, e que são usadas para facilitar a aproximação. Quando ele consegue, enfim, lhe dar um beijo na boca, Céfalo retira o disfarce, e ouve-se  “uma gargalhada estridente”, mostrando que a velha ganhou a aposta. 

O ato terceiro se passa na casa de uma cartomante chamada Cloé. Prócris a procura, e expõe a sua triste condição. Fugiu de Céfalo, a quem ama, e vive há dois meses longe dele, com uma gente humilde, que lhe deu abrigo naquela ilha de Creta. Prócris acha que o que lhe aconteceu foi obra da rival, Aurora. A cartomante aconselha Prócris a fazer com Céfalo, o que ele fez com ela, i.e. disfarçar-se e testar a sua fidelidade. Assim, Cloé a veste como uma cartomante, e é ela quem recebe Céfalo, que também a procura para ouvir o que as cartas têm a lhe dizer. No final, a moça disfarçada demonstra interesse por ele, e Céfalo acaba cedendo aos seus encantos, beijando-a na boca. Quando a verdadeira cartomante entra na sala, encontra os dois abraçados. Prócris então tira a máscara e se revela a Céfalo.

No epílogo, o caçador Céfalo está “em doce paz” com Prócris (ela porém anda atrás dele o tempo todo, pois é insegura de seu amor). Céfalo naquela manhã espera a caça, no vale, que passará por ali para beber à fonte próxima. Quando ouve um ruído no meio da vegetação, pensa tratar-se do animal e lança seu dardo. Mas não é a sua caça e sim Prócris que ele atinge com o dardo, matando-a na mesma hora. Inconformado pelo seu crime involuntário, não espera pelo julgamento do Areópago, e dá a si mesmo a pena que ele julga merecer, matando-se com um golpe sobre o coração (essa é a justificativa para o título do poema).   

Pena de Talião” é, assim, um poema sobre os desencontros do amor, e isso é ilustrado não só pela relação entre Céfalo e Aurora, mas também pela relação entre Céfalo e Prócris. Como na “Quadrilha” de Drummond, Aurora ama Céfalo que ama Prócris, a qual, embora correspondendo a seu amor, é morta pelo próprio amado, por um equívoco bem próprio da condição humana.  Além desses, o poema refere-se ainda a dois outros casos de amor frustrado: o do filho de Mirto, traído pela esposa Helena (ato II, cena I), e o do jovem que ama Friné (ato II, cena II). Menciona ainda o amor de Aminto por Glicera, mas nada nos diz sobre os sentimentos desta com relação a ele (em sua curta fala, ela apenas elogia outro homem, o que deixa Aminto irritado- cf. ato I, cena III).    

A propósito desse livro, disse Nestor Vítor:

“Pena de Talião” pode-se considerar como um livro irmão gêmeo daquele anterior        (“Ilusão”), senão o mesmo livro, apenas sob a forma de uma vulgata, desta feita. É a “ilusão” simplificada, humanada, até banalizada, tanto quanto está no poeta resignar-se a isso. 12                   
                                  
                                               *                                            
“Setembro” é um livro póstumo, publicado em 1934, e organizado por Andrade Muricy. Contém 30 poemas, dos quais 14 são sonetos, 8 são formados por quadras, 6 por dísticos, 1 por tercetos e 1 é poema dramático, em versos alexandrinos, rimados dois a dois.

A característica principal desse livro é a religiosidade dos últimos poemas, ou o elogio da crença em Deus, que o poeta enfim assume explicitamente (“Creio!”). Uma dezena de poemas apresenta esse caráter religioso (cristão, mas não católico), notando-se aí o “louvor à obra do Criador”, o elogio à oração (“Por Maria”, “Oração da noite” etc) e o arrebatamento pela luz de uma estrela na Noite de Natal (“Vamos!- Quando Jesus nasceu”). 

Todavia, o livro também inclui poemas com outros temas, semelhantes aos de “Ilusão”, tais como o elogio da natureza e da vida no campo (“Setembro”, poema que dá o título à coletânea), o apelo ao homem para que entre na batalha pelo bem (“Hércules”), os temas da viagem (“O brigue”), do amor (“De um fauno”, “A felicidade”), da vida (“Palavras a um recém-nascido”) e da morte (“Numa hora de dor”, “Última volúpia”).

“Setembro” inclui cinco poemas que, pela data indicada de sua elaboração, deveriam constar de “Ilusão”, pois são anteriores a 1911 (cf. “Relação dos poemas” no cap.8 deste trabalho). São eles: “Damas” (1903), “De um fauno” (1895), “Soneto” (1902), “Fogo sagrado” (1900) e “Christe, audi nos” (1897). A esses, deveriam ser acrescentados doze outros poemas “esparsos”, reunidos e publicados sob esse título em “Ilusão & outros poemas”, além de “Inexprimível”, transcrito no “Emiliano” de Erasmo Pilotto, que se refere a ele como uma das “jóias” da fase parnasiana de EP.13

Por que o poeta não incluiu esses poemas em “Ilusão”? À parte razões de ordem prática (EP não mantinha arquivo completo de toda a sua produção poética)14, deve tê-los excluído pelas seguintes razões: 1) por considerá-los de qualidade inferior a outro poema que explorou tema semelhante (é o caso de “Damas”, “Fúlvia”, “Sulamita”, “A um cínico”); 2) por serem polêmicos e terem recebido muitas críticas dos contemporâneos (“Soneto”, de 1902, “Fogo sagrado”); 3) por problemas de versificação (“Soneto para não ser entendido”, “Canção do mau tempo”, “Soneto de outrora”); 4) por serem comprometedores, pelo envolvimento do poeta num triângulo amoroso (“De um fauno”, “Soneto”, de 1893); 5) pela sua pouca originalidade (“Christe, audi nos” “está cheio de Verlaine”, segundo Erasmo Pilotto 15).   

            Com relação a “Inexprimível”, talvez o motivo básico da exclusão seja o fato de que destoa das associações de idéias vinculadas à imagem do mar, comum a diversos poemas de “Ilusão” que a ele se referem (v. adiante). Não creio que o soneto tenha sido excluído de “Ilusão” por vincular-se esteticamente ao parnasianismo. Apesar de querer-se “simbolista”, o livro se caracteriza, na realidade, pelo seu ecletismo estético, como já foi mencionado. 

            “Inexprimível” é transcrito abaixo, tal como aparece em “Emiliano” (o poema foi publicado anteriormente em “O Pierrot”, do Rio de Janeiro, numa edição de 1890 16). Nesse belo soneto (especialmente pelo segundo quarteto), o poeta, com sua “raiva impotente” para expressar o “inexprimível”, se compara ao mar:  

            Nesse bravo rumor de oceano indefinido,
            Quando bate e regouga e brame estranhamente, (1)
            Há não sei quê de grito e de raiva impotente,
            Um soluço imortal, um estranho rugido...

            Há um mistério qualquer nesse peito fremente,
            Uma revelação de um segredo perdido
            No passado, e que tu, ó profeta esquecido! (2)
            Andas a revelar bramindo eternamente...

            Eu que vivo também preso aos grilhões do Verso, (3)
            Na tormenta febril das paixões do Universo,
            Sem nunca as traduzir, nem nunca as balbuciar...

            Como eu compreendo e sinto esse delírio extremo,
            A revolta, a impotência, o vozeirão supremo,
            A linguagem confusa e rouquenha do mar!
            --------------
(1)     Regougar= produzir som áspero; bramir= fazer grande estrondo; retumbar, ribombar (dic. Aurélio)
(2)     Cf. a personificação
(3)  Cf. a metáfora 


Notas ao capítulo 2



1 VÍTOR, Nestor- “Obra crítica”- v.I, Ministério da Educação e Cultura/ Fundação Casa de Rui Barbosa, 1969,  p.431
2 SILVEIRA, Tasso da – “Cruz e Souza”. Coleção “Nossos Clássicos” nº 4. Rio de Janeiro, Agir, 1967- 3a. ed., pp. 5-6

3 MOISÉS, Massaud – “A Literatura Brasileira- v. IV- O Simbolismo”- 2a. ed., São Paulo, Ed. Cultrix, 1967, p. 17

4 MURICY, Andrade- “Emiliano Perneta”- Rio de Janeiro, América Latina Editora, 1919, pp.45-46

 5 “A Literatura no Brasil”—direção de Afrânio COUTINHO – v. IV, 2a. ed., Rio de Janeiro, Editorial Sul Americana S.A., 1969.

6 PAES, José Paulo e MOISÉS, Massaud (org)--“Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira”. S.Paulo, Cultrix, 1969- p. 86. 

7 MURICY, Andrade – “Emiliano Perneta”. Coleção “Nossos Clássicos” nº 43- Rio de Janeiro, Agir, 1966- 2a. ed., p. 26. O dicionário Aurélio assim se refere a modinha: “Da segunda metade do século XVIII até c. 1850, gênero de romança de salão, em vernáculo, e inspirada, quanto à forma, na ária de ópera italiana”. “Romança”, segundo o mesmo dicionário, é canção, em geral estrófica, sobre aventuras e outros feitos; no sentido musical, é composição instrumental de forma não muito bem definida, mas quase sempre de caráter lírico.

8 VÍTOR, Nestor – “Obra crítica”- vol. I, op. cit., p. 434. Segundo o “Dicionário de Termos Literários”, de Massaud MOISÉS (6ª ed.- S. Paulo, Cultrix,1992), endecha “/.../ consiste numa canção breve, de assunto triste e plangente. Compõe-se geralmente de uma estrofe, de quatro versos de cinco ou seis sílabas, com os seguintes esquemas de rimas: abcb, abab, abba. Como o vocábulo ‘endecha’ também designa esse tipo de quadra, ao poema formado de mais de uma estrofe dá-se o nome de ‘endechas’”.
           
9 MARTINS, Heitor – “Subsídios para uma leitura histórico-sociológica do livro Ilusão de Emiliano Perneta” in “Textura” nº 2- Curitiba, Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte, jul.-dez. de 1981

10 Cf. MURICY, Andrade – “O Símbolo à Sombra das Araucárias”, Conselho Federal de Cultura/Departamento de Assuntos Culturais, 1976, p. 113; SILVEIRA, Tasso da – “A poesia de Emiliano Perneta”, introdução ao v. II de “Poesias Completas de Emiliano Perneta”, Rio de Janeiro, ed. Zélio Valverde, 1945, p. II

11 MURICY, Andrade – “O Símbolo...”, op. cit.

12 VÍTOR, Nestor – “Obra crítica”, v. I, op. cit., p. 464

13 PERNETA, Emiliano- “Ilusão & Outros Poemas” (introd e seleção de Cassiana Lacerda         Carollo)- Curitiba, Prefeitura Municipal, 1996 (col. Farol do Saber); PILOTTO, Erasmo- “Emiliano”- Curitiba, Gerpa, 1945, p. 132.

14 PILOTTO, Erasmo – “Emiliano”, op cit, p.136

15 Ibidem, p. 152

16 Conforme “Decadismo e Simbolismo no Brasil”-1ª ed, v.2- Brasília, LTC/INL- MEC, 1981 (seleção e apresentação de Cassiana Lacerda Carollo), o soneto foi publicado em  “O Pierrot”- Rio de Janeiro 1 (2):2,  de 13.09.1890.