quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


3.4- O TÉDIO E OS MEIOS DE EVASÂO
  

O poeta é acometido, intermitentemente, pelo tédio, um estado psicológico de fastio pela vida, em que ele se encontra decepcionado, desiludido com tudo.  

EP compartilha do “spleen” baudelaireano. “Spleen” é um termo inglês introduzido na língua francesa no século XVIII para designar o tédio sem causa, conforme a edição dos “Classiques Larousse” dedicada a Baudelaire, onde se lê ainda:

Toute la première partie des “Fleurs du Mal” porte le titre “Spleen et Idéal”  et montre bien le double aspect de la sensibilité baudelairienne: dégoût d’une vie que l’ennui dévore,aspiration vers l’infini. 1

Assim, o tédio decorre, fundamentalmente, da inquietude existencial do artista idealista, ou espiritualista, por encontrar-se exilado da sua “pátria verdadeira”, a realidade transcendente, o mundo da Beleza, do Sonho, da Glória e da Felicidade, que, como se viu, são diferentes dimensões dessa outra realidade. São aspirações do poeta neste mundo, jamais alcançadas e por isso causa de inquietação. Mas é possível também interpretá-lo como uma decorrência da inadaptação das pessoas sensíveis à sociedade em que vivem, constituindo assim, indiretamente, uma crítica à sociedade burguesa. 

Em “Esperança”, o tédio é personificado:

Quando não sangra o Amor, não ruge o Amor, porém, (1)
Quando aos pés me não calca o Ódio, como um verme, (2)
É o Tédio quem me vê com os olhos do desdém.
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(1)  Cf. a personificação, animalização do Amor (ele “sangra”, ele “ruge”)
(2) Cf. a comparação do poeta com um verme, quando está odiando. A imagem do poeta sendo calcado é  recorrente. Notar ainda as “maiúsculas alegorizantes” 

Mais adiante, ele afirma:  “Tudo, tudo me causa horror.”

No mesmo soneto, o tédio é chamado de “monstro”, uma metáfora. Também é um “fauno cúpido” (=cobiçoso) enquanto o poeta é comparado a uma donzela, que em vão tenta escapar dele...

Em “Amor cinzento”,  ele é assim referido:

Embaixo é o dia fusco, é a luz mortuária; em cima (1)
Rolos de fumo e sebo, ó soturna cloaca! (2)
A Vida extinta sob uma grandeza opaca...
Nem pomos de ouro, nem cantigas de vindima! (3)

Fumo só. Tédio só. Natureza de luto.
Cinza e betume chove. E em torno se derrama (4)
Todo um acre vapor feralmente corrupto, (5)
Feito de cerdos e de batráquios e lama...” (6)
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(1)  Fusco= escuro
(2) Fumo=fumaça; “Exalação de cheiro desagradável que sobe de corpos em decomposição”; “Faixa de crepe para luto”. Soturna= sombria, lúgubre. Cloaca= fossa
(3) Vindima= colheita de uvas
(4) Cf a metáfora. Betume= pez mineral (pez= piche)
(5) Feralmente= funereamente; sinistramente
(6) Cerdos (é)= porcos (dic Aurélio- fonte também dos significados anteriores).  “Batráquios”: referência de então à população de Curitiba, dada a elevada incidência de banhados na cidade; cf. o nome de um semanário literário e humorístico curitibano fundado em 1898:  “O Sapo”

Nesses versos pungentes, sem esperança, em que a “Natureza de luto” reflete o estado subjetivo do poeta, a metáfora da “Vida extinta” é a “soturna cloaca” e seu “vapor feralmente corrupto”.

Saliente-se a ênfase “visual” dos versos, que compõem um equivalente externo da subjetividade do poeta. Por outro lado, a vida sem tédio é aquela que se expressa visual e sonoramente em “pomos de ouro” e “cantigas de vindima”. Se ela fosse possível neste mundo, estaria certamente associada à vida junto à Natureza (longe da sociedade hostil ao artista), de onde EP extrai as imagens que a ilustram... 

Mais adiante, nesse mesmo poema, o protagonista exclama “Oh! minha alma! Estás presa entre quatro paredes!”, lamento por não ser só espírito, por viver atolado na lama, e não nas estrelas ...

                                                                                 *

Paulo Leminski, em “Cruz e Sousa”, alinhando-se a uma certa concepção corrente da crítica literária, expressa a seguinte opinião sobre o “spleen”, ou o tédio:

Ter spleen era uma moda no século passado (o próprio Cruz fala em spleen).
No fundo, o spleen não era mais que o subproduto do ócio das classes dominantes, que dispunham de todo o seu tempo, para não ter nada que fazer, no compacto tempo útil da civilização industrial que, então, começava. 2

Mas acho essa atitude do nosso maior poeta contemporâneo um tanto simplista. Não dá conta suficientemente da complexidade da condição humana. O próprio Leminski, naquele trabalho, aponta vários sentimentos de tristeza imotivada constatados historicamente, além do “spleen” ocidental (que, segundo afirma, se espraia pela Europa no século XIX por influência de Byron e outros românticos ingleses, e está presente ainda, em nossos dias, na náusea de Sartre ou no cinema de Antonioni): cita o “sabishisa” japonês, o “banzo” do escravo africano no Brasil e o “blues” do negro norte-americano. Todavia, a expressão diversa de um sentimento semelhante não demonstra por si só a sua verdade humana? Não se constata aí a sua permanência no espaço e no tempo, independente das classes sociais, verificando-se tanto no Oriente quanto no Ocidente, tanto ontem quanto hoje?  À parte o sentimento mais óbvio, de causas claramente vinculadas à opressão social, tal sentimento de descontentamento com a vida decorreria, para as pessoas mais sensíveis, da constatação da precariedade da condição humana e da futilidade de todas as coisas...

O “spleen” ou o tédio, no caso de EP, seria mera decorrência do “ócio das classes dominantes”? Tenho dúvidas sobre isso. É certo que sua condição econômica não devia ser ruim, haja vista que os pais puderam enviá-lo para S.Paulo a fim de lá frequentar curso superior, o que era só para poucos, naquela época. Mas até que ponto era ociosa a vida de um professor de ginásio ou de um juiz militar? Embora seu pai comerciante tivesse lhe deixado alguns bens por herança, o fato é que ele era um assalariado, um funcionário público, e não “vivia de rendas”, como se diz. Aliás, EP deixou registrado, em sua prosa, que perdeu parte do dinheiro que herdou do pai, empregando-o na compra da liberdade de escravos, na época de militante abolicionista...

É verdade que pesa muito em EP a influência européia, e Baudelaire foi um dos poetas que mais o influenciaram. Mas essa influência intelectual encontrou em EP terreno fértil na sua própria personalidade sensível, determinada não só por fatores genéticos mas também, ou principalmente, pelo meio social em que se formou. 

                                                                                  *  

A condição psicológica da pessoa acometida do tédio equivale à daquela acometida por uma doença:

A minha vida é uma Doente, (1)
Que ri funambulescamente...(*) (“Ideal”) (2)
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(1) Cf a metáfora
(2) Funanbulesco= “Relativo a ou próprio de funâmbulo” (Funâmbulo= “Equilibrista que  anda e volteia na corda ou no arame”). “Excêntrico, extravagante” (dic Aurélio)
Aliás, as várias referências a doença e a doentes nos poemas, especialmente aos tísicos, podem, por isso, ser consideradas a expressão simbólica da vida do sonhador imerso em tédio, insatisfeito com a realidade que o cerca. Referem-se a doentes os poemas “Convalescente” (já comentado antes), “Sol d’inverno” e “Durante uma enfermidade”. 
EP estava doente quando retornou ao Paraná, em busca dos bons ares do planalto e do seu sítio dos Pinhais. Nessa condição, deve ter composto diversos poemas que integram “Ilusão”, a maioria dos quais foi escrita após o seu retorno ao Estado natal, ocorrido em 1896.

Em “Sol d’inverno”, o “doente d’hospital” desfruta do Sol nessa estação do ano. Depois o astro parte, deixando-o no frio, sozinho (o frio é a expressão sensual do seu desamparo). O poema, composto de quadras, com versos de oito sílabas, contém muitas metáforas associadas ao Sol, todas elas salientando o seu caráter benfazejo para o doente. O Sol – fonte de luz e calor, também figurativamente – representa aqui o Ideal, o Sonho, que ilumina e aquece o poeta, o qual “adoeceu de tédio” ou está “ Gelado pela Decepção!”   

São estas as metáforas associadas ao Sol:

1) tíbio velhinho, velhinho doente (“Que tosse e escarra o oiro e o pus!” -verso insólito, com imagem ousada: o doente tuberculoso -- o poeta -- contagia a metáfora do Sol-velhinho. Por que “velhinho”? certamente porque ele está próximo da morte, assim como o Sol, que também logo vai partir);

2) fornece vinho (i.e., o prazer dos sentidos);

3) língua de fogo (o poeta pede que o lamba como lambeu “as feias úlceras de Jó”- ocorrência, mais uma vez, de referência bíblica; lamber úlceras é algo repugnante mas também o é a carniça descrita no famoso poema de Baudelaire -- “Une charogne”;  essa  oposição  Sol x úlcera, entre   um   elemento   que  expressa elevação e outro, degradação, é recorrente em EP, é do mesmo tipo daquela já apontada antes, entre as estrelas e a lama; por outro lado, é característico da poesia moderna voltar-se não só para temas dito sublimes, elevados, mas também para os prosaicos, quotidianos;

4) esqueleto que está a rir (referência sarcástica à morte);

5) Rei Sol que perdeu o cetro, que vai deixar de reinar (cf. sugestões implícitas: o Sol, o “astro-rei”, vai partir; a expressão Rei Sol sugere a França, pátria da Arte, para EP; o artista é considerado por EP como um rei: “O manto dum artista é um manto imperial”; Rei louco (“doido” é palavra frequentemente usada para excepcionalizar o artista, no caso também as suas associações: rei, astro-rei); Rei bom; Rei Lear (enlouquecido pela ingratidão das filhas; mais uma referência literária);

6) Anjo da Guarda;

7) Lençol (pois cobre o doente);

8) Hospital (oferece apoio ao doente);

9) “bordão florido”- lembra o cajado do peregrino, a viagem, um dos meios de evasão do tédio (assim como o vinho, mencionado acima);

10) o Único Amor do poeta; o Sol é símbolo de tudo que é superior para o ser humano; é o Ideal, que se contrapõe ao “spleen”

11) o seu Jazigo (última morada, a do espírito: o Sol identifica-se aqui com o “outro mundo”, o da essência e não da aparência);

12) fogão dos pobrezinhos (fonte de calor para quem não tem lareira).

Ocorre ainda nesse poema a metáfora dentro da metáfora, associada à sinestesia: o “beijo” do Sol é identificado com alvas cantigas; o beijo do Sol também é “Manto de fulvos areais”. A estrofe 3 aponta para o sofrimento do tuberculoso e o verso “Mágoas com manchas vermelhas” sugere hemoptise. Na estrofe 8, o coração do poeta é comparado ao ébrio; na estrofe 9 há uma metáfora do vento, associada ao punhal.
                                                                           *

Para aliviar a inquietude ou a ansiedade do tédio da vida, EP distingue, como formas de sua superação, ainda que temporariamente, o sonho (a arte, o ideal), as festas (o vinho, a embriaguez), as viagens (inclui a última viagem, a morte) e, “last but not the least”, a mulher, ou o amor sensual.


3.4.1.- O sonho

Em “Amor cinzento”, o poeta, entediado, anseia libertar a sua alma ou, ao menos, aliviar o tédio com um “sonho”, “festas” ou a mulher. Após referir-se a esta “soturna cloaca”, ele exclama:

Oh! minha alma! Estás presa entre quatro paredes! (*)
Presa! e dilui-se o mundo! e nem um sonho ao menos,
E nem festas! e nem um agasalho algures,
Num leito brando, nuns braços brandos de Vênus!...
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(*) Cf. a metáfora

O indivíduo pode escapar do tédio refugiando-se, em primeiro lugar, no sonho, ou seja, na vida dedicada à arte ou ao ideal.   A  atitude  de  EP aqui  é semelhante à de Flaubert, para quem “A vida é tão horrível que só se pode suportar, evitando-a, o que se consegue vivendo no mundo da arte”. 3

                Como já assinalei, para EP a beleza esta associada à alegria e à felicidade, o que é indicado pelas duas citações que escolheu para epígrafe de seus poemas, uma de John Keats, em português (“A beleza é uma alegria eterna”, epígrafe do poema dramático “Pena de Talião”, de 1914) e outra de Stendhal (“La beauté est une promesse de bonheur”, epígrafe de “Versos doirados”, que integra “Ilusão”). Assim, a busca da beleza (que “não é mais do que uma Ilusão”) -- objetivo principal do artista -- significando ao mesmo tempo busca de alegria e felicidade, é um meio para ele evadir-se (temporariamente) do tédio.
 
Em “Ideal”, este é identificado com a Arca de Noé, símbolo da salvação pela dedicação às causas nobres. Nesse mesmo poema, outras imagens estão associadas ao ideal, como a da vela “Num mar de sangue”, a do “tesouro” e a daEstrela d’Alva”, realçando o seu caráter precioso para a vida do poeta, pois significa  orientação e salvação.


3.4.2- O vinho


As festas -- i.e., o vinho, a embriaguez -- são uma outra saída para o tédio, segundo EP. Os poemas, frequentemente, referem-se a eles, de modo positivo. Aliás, Baudelaire já recomendara nos “Pequenos poemas em prosa”: “enivrez-vous sans cesse! De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise” 3 e toda uma seção das “Flores do Mal” é dedicada ao vinho. 

 Assim, em “SolidãoIII, o velhinho muito pobre (“mais pobre que ”), que nada sabe, tem pelo menos um bastão

 que é o seu copo de vinho,
 E a sua luz em meio à Decepção...

isto é, em meio à vida. O “copo de vinho” representa o prazer dos sentidos, a embriaguez. “Bastão” evoca a idéia de viagem, pois lembra o peregrino. Ambos são símbolos das alternativas para enfrentar o tédio.

Em “Sol d’inverno”, em que  consta, aliás,  o verso
“Bordão  florido, cheio de luz,” (*)
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(*) Bordão= cajado, bastão (dic Aurélio)

uma metáfora do Sol, o vinho é sinônimo da ação benfazeja desse astro em favor do doente:

Sol d’inverno, tíbio velhinho,
A mim, um doente d’hospital,
Quando me vens dar o teu vinho,
Bebo, bebo, não me faz mal.

A metáfora do vinho pode representar tudo de bom que o poeta dará à sua Juno:  “Ser eu Apolo! embriagá-la do meu vinho!” (“De um fauno”)

E também o que a mulher dará ao seu amado. Em “Versículos de Sulamita”, escrito com a ótica feminina, esta se compraz  em oferecer seu corpo a Salomão. E Sulamita se expressa assim, na estrofe IV:

Tu dizes, meu amor, que meu umbigo é como (1)
Uma taça a ferver de espuma e embriaguez;
Vem beber esse vinho e comer esse pomo, (2)
Vem te embriagar de mim e da minha nudez...
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(1) Cf. a comparação
(2) Cf. a(s)  metáfora(s)

Também em “Pena de Talião” a amada de Aminto, Glicera, é associada ao vinho:

Vim, porque advinhei que Glicera viria.
E sendo ela, hoje, em dia, o vinho de alegria,
O vinho de prazer, que espuma em minha taça,
A boca que me atrai, o beijo que me enlaça,
A louca embriaguez de um sátiro bravio,
A razão, por que choro, a razão, por que rio,
Irei onde ela for./…/   (Ato I, Cena I) 

Em “Oh! que ânsia de subir hoje mesmo a montanha!II, após ser visto um brilho no céu de Belém, é mencionada ”embriaguez”, que adquire um sentido mais amplo, sempre positivo:

Era uma glória, um lírio, o encantamento,
A embriaguez, o gozo, a essência rara,
Cada vez mais formoso o firmamento,
A noite, a noite cada vez mais clara ...


Mais adiante, o mundo degradado se transforma com essa luz, e está “Transbordando de vinho, como um odre,”


Em “Versos dourados”, a expressão da alegria do poeta em ver a amada emprega também esses termos, figurativamente:

E tamanho prazer o coração me inunda,
Em te vendo, de luz, de embriaguez profunda,
Que doido desse amor, bêbedo desse vinho, (*)
Não sei mais onde estou, não sei onde caminho.
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(*) Cf. a metáfora

Nos versos finais, a mulher amada tem

O dom de oferecer, como uma fina taça, (*)
Para os meus olhos nus, por um instante ao menos,
Os delírios do amor e a embriaguez de Vênus!.
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(*) Cf. a comparação

Outra menção ao vinho é feita em “A toi!”:

É um dia de sol que te escrevo esta carta,
No meio de uma luz radiosamente farta,

Loira, seca, sutil, aromada, ideal, (*)
Assim como se fosse um vinho oriental.
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(*) Cf. a sinestesia: a luz é “aromada” e sabe a vinho, na comparação

Mas a embriaguez também provoca ressaca:

Nunca! Tu para mim és como uma bebida,
Onde, um dia, eu encontro a embriaguez e a vida,

E noutro, o desespero, a tragédia cruel,
A dúvida sombria e amarga como fel...
No belo poema “Sol”, “embriaguez” e “vinho” são mencionados assim:

(um pássaro fala)
Hoje vou conhecer, pela primeira vez,
A voluptuosidade, a febre, a embriaguez
De voar, de voar, ó sonho, que me abrasas!

 (outro pássaro)
Estou ébrio de amor. O amor é como o vinho.

Em “Soneto” (que traz a inscrição “No álbum de D. Anita Philipowski”), de “Setembro”, a fé (vacilante) do poeta em Deus é identificada com o vinho:

Pode ser que também não passe de uma pura,
E de uma inquieta, e de uma doida fantasia,
De quimera banal, e de grande loucura,
O vinho que me exalta, a fé que me inebria.

Note-se a musicalidade dessa quadra, obtida pela repetição de palavras.

Também em “Christe, audi nos”, de “Setembro”, é mencionado o vinho como sinônimo do Cordeiro (de Deus):

/…/ Eu faleço. Cordeiro!
Vinho, divino Vinho! embriaga o meu Pesar!

Em “Ilusão & outros poemas”, na seção “Esparsos”, consta o poema “O bom vinho”, publicado, segundo informam as “Notas”, em “Novidades” de 8 de agosto de 1891, mas não incluído por EP em “Ilusão”, talvez pela pouca sutileza dos versos. Trata-se de um elogio ao vinho, que faz o poeta “ascender aos astros”, afasta a dor, traz a mulher, reforça o orgulho e o faz compor versos.

EP, segundo depoimento de Andrade Muricy, costumava beber, mas tornou-se completamente abstêmio nos últimos dez anos de vida.4  Erasmo Pilotto, por sua vez, relata, em “Emiliano”, uma ocasião, no Clube Curitibano, em que a embriaguez de EP quase transforma em fracasso a palestra que deveria proferir sobre Verlaine – “o mais admirado de seus poetas”. Na realidade, isso não chegou a ocorrer, pois o poeta, superando-se a si mesmo, acabou por desincumbir-se bem do encargo. 5

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